Entidades médicas indicam cuidados para aliviar desconfortos respiratórios em tempo seco e poluído com fumaça
A piora da qualidade do ar, que ficou mais poluído em decorrência das queimadas em diversas regiões do Brasil, traz consequências à saúde, segundo alertam a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a Academia Brasileira de Rinologia (ABR).
As entidades destacam que a situação traz efeitos negativos, como irritação das vias respiratórias, dificuldade de respirar, surgimento de coriza ou ressecamento na mucosa nasal, redução da capacidade filtrante do nariz e agravamento de quadros de doenças respiratórias, como a asma e a rinite alérgica.
As partículas tóxicas resultantes das queimadas representam ameaça à saúde pública, especialmente para as populações com o sistema imunológico mais fragilizado, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias prévias.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para 15 estados brasileiros e o Distrito Federal devido à baixa umidade do ar, que pode cair abaixo de 20%. As regiões afetadas incluem Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade é de aproximadamente 60%. Acima ou abaixo desse percentual, a umidade pode oferecer riscos à saúde se o nariz não conseguir ajustar esse desequilíbrio.
ORIENTAÇÕES PARA MELHORAR A SAÚDE DA RESPIRAÇÃO NASAL
Nessas circunstâncias ambientais, é fundamental tomar medidas preventivas para diminuir a exposição a poluentes no ar. “Nos períodos de queimadas, o ideal é evitar ambientes externos e não realizar atividades ao ar livre. Se sair, o uso de máscaras N95 são úteis para minimizar a entrada de partículas relacionadas à fumaça e à poluição”, destaca Piltcher.
Cuidados simples podem manter o ambiente doméstico protegido e também garantir o bem-estar do organismo e a hidratação das vias aéreas. “É importante manter a casa bem fechada para evitar a entrada de partículas no ambiente. Além disso, deve-se beber bastante água”, orienta.
Além da hidratação adequada, muitos pacientes recebem alívio dos sintomas através das lavagens nasais. Essa é uma técnica reconhecida na medicina pelos efeitos positivos em pacientes com alergias respiratórias e outras disfunções das estruturas relacionadas ao nariz. Utilizando diversos dispositivos que produzem jatos nasais com soluções com diferentes salinidades, ela busca através da umidificação da mucosa nasal ajudar na manutenção do funcionamento saudável das vias aéreas, especialmente em condições climáticas e ambientais com baixa umidade relativa do ar.
O presidente da ABR indica que “as lavagens nasais sejam feitas proporcionalmente à percepção de irritação nas vias aéreas, sem exageros”. Além disso, a hidratação nasal com aplicação de gel específico para o nariz e a nebulização são outras opções para manter o nariz umidificado.
A ABORL-CCF desenvolveu o “Manual de Lavagem Nasal na Criança e no Adulto” que pode ser acessado gratuitamente. No material, é possível visualizar o passo a passo da lavagem com os diferentes tipos de instrumentos, como garrafa apropriada e seringa.
PASSO A PASSO DA LAVAGEM NASAL
• A pessoa deve inclinar o corpo para frente, a cabeça lateralmente para um dos lados e aplicar o soro na narina que estiver mais elevada, para facilitar a saída da solução em direção à pia.
• Importante garantir o fechamento completo da narina acoplada ao dispositivo com a solução salina.
• A pressão de introdução da solução deve ser sempre suave, o importante é o fluxo, não a pressão do jato.
• Se houver desconforto durante a lavagem nasal, interrompa o procedimento imediatamente e revise a técnica de lavagem.
“Não é recomendado nenhum tipo de limpeza com introdução de algodões, papéis ou qualquer elemento rígido no nariz, pois ao traumatizar a entrada nasal, poderá piorar ainda mais a situação pela formação recorrente de crostas, saída de sangue e até infecções dessa região. O manual também alerta para os riscos de lavagens realizadas de forma inadequada, principalmente, em crianças pequenas e idosos”, finaliza Piltcher.