“Limites Extremos”, com Clayton Conservani, arrastou centenas de pessoas a Dois Vizinhos

11 de agosto de 2018    208 views

“Mesmo sem imaginar, desde a minha infância eu já começava a traçar o meu destino profissional quando escalava montanhas com 10, 11 anos de idade”, disse o jornalista carioca Clayton Conservani, da Rede Globo, na palestra “Limites Extremos” em Dois Vizinhos, na noite gelada de quinta-feira, 9 de agosto. “Eu cortava as garras do meu kichute pra poder fazer as minhas escaladas na minha cidade, em Rezende, e colocava uma capacete, aqueles infantis”, conta Clayton.

 

Conhecido por apresentar o programa “Esporte Espetacular”, ao lado da jornalista Glenda Koslowski, Clayton contou suas experiências radicais pelo planeta e destacou que viu uma brecha no jornalismo esportivo quando percebeu, em 1996, que havia uma carência de reportagens de esportes de aventura. “Vi essa oportunidade de levar os telespectadores para lugares em que talvez eles nunca viajariam com a família. Não foi um caminho fácil, mas mergulhei de cabeça nesse projeto. Assim acontece no dia a dia da gente, temos que buscar novas formas, novos caminhos, devemos inovar”. Clayton lembra que havia uma certa relutância de emissoras de TV em mostrar outros esportes que não fosse o futebol, por exemplo. Mas aos poucos foram vendo que o telespectador poderia sair do lugar comum. “Com as minhas histórias pude fazer o público conhecer outras culturas também”, descreve Clayton.

 

“Pode parecer que eu não vendo nada, mas eu vendo histórias. É uma responsabilidade muito grande saber o que eu vou levar pra dentro da casa das pessoas. Toda vez que estou bolando um novo roteiro, uma nova viagem, eu penso com muita cautela se essa mensagem é agregadora, se vai ter um significado bom. São dez segundos pra você fisgar o seu cliente na TV. Se ele não gostou nesse tempo, ele vai mudar de canal. A mesma coisa acontece no dia a dia do comerciante, que tipo de experiência seu cliente tem quando entra no seu estabelecimento? Ele quer ser bem tratado, ter uma boa experiência dentro da loja. O melhor conteúdo é a melhor ferramenta de vendas”, opina Clayton.

 

Do guardanapo de papel às tela de TV

Foi numa conversa com o amigo radialista Edson Mauro que Clayton descobriu que poderia chegar a empresários com suas mensagens através dos palcos. “Um dia o Mauro me pediu se eu estava fazendo palestras, eu disse que não. Então ele pegou uma folha de guardanapo e pediu pra eu escrever umas histórias da minha carreira. Quando terminei o Edson disse: pô, só aqui tem palestra pra mais de uma hora. Aí comecei aos poucos, moldando as palestras, fui vendo o que agradava, o que tinha a ver com o mundo corporativo, que poderia agregar algum tipo de valor aos empresários a partir das analogias com as minhas histórias”, revela Clayton.

  

Clayton compara o jornalismo atual com o da década de 1990

“Está bem diferente, naquele tempo a gente usava a máquina de escrever. Vejo que existem novas oportunidades no mercado de trabalho. As redes sociais abrem um leque muito grande de trabalho para os jovens que estão chegando. Só tem que tomar cuidado com a informação que você quer levar. Hoje existem os mais diversos aplicativos para facilitar a vida das pessoas, porém os melhores aplicativos estão no nosso coração e no nosso cérebro. Não adianta ter a melhor bicicleta, o tênis mais adequado para a corrida, se o cara não estiver afim, você pode dar os melhores equipamentos e nada disso vai adiantar”, alerta o experiente repórter.

 

Monte Everest ensina a tolerar

Clayton tentou, em 2005, escalar os 8.848 metros do Monte Everest, no Nepal, o mais alto do mundo. Mas quando estava a 5.400 metros de altitude, uma forte tempestade adiou o sonho. Bem humorado, ele conta que, em determinados momentos, ficava ele e mais quatro homens numa pequena barraca. “Foram 79 dias de expedição, ninguém consegue dormir direito, sempre tem alguém doente, espirrando, aquele cheiro de homem desgraçado [risos], mas você tem que manter o espírito de equipe. Perdi 14 quilos. É igual na nossa vida, quando a gente volta dessas expedições, a gente volta mais tolerante, com a família, no trabalho, quando a gente recebe uma crítica, a primeira coisa é dar uma resposta atravessada, é grosseiro com o colega. Hoje em dia eu penso duas vezes antes de dar uma resposta, respiro, tomo água, pego um ar fresco, pra depois dar uma reposta coerente”.

 

“É assim com os empresários, devemos planejar uma expedição, não adianta chegar a mais de 5 mil metros de altitude e querer acender um fogareiro sem um isqueiro, não vai dá pra voltar buscar. É muito mais fácil controlar as adversidades do dia a dia se você planeja bem as coisas”.

 

O cozinheiro nepalês

Esse personagem tirou muitas risadas da plateia. Clayton contou que um nepalês era o responsável pelo preparo das refeições dos aventureiros. “Tinha alguma coisa estranha, começamos a perceber que ele ia no banheiro e não leva papel higiênico. O nepalês, por tradição, desde os mais ricos aos mais carentes, comem sem talheres. Ele te cumprimenta com a mão direita, come com a mão direita, e a mão esquerda... é isso mesmo que vocês estão pensando”, interage Clayton com o público. “Quando ele vinha, a gente dava um sabão com água quente pra daí ele ir preparar a comida. Assim é no mundo dos negócios, quem são os seu clientes? Será que não tem alguma coisa errada? Penso que o grande desafio é você prever o que pode acontecer e não resolver depois do acontecido”, comenta Clayton.

 

Um dos momentos marcantes da palestra foi quando Clayton mostrou um vídeo correndo na Antártida. No decorrer da prova, ele ia sendo ultrapassado por vários adversários. Foi então que ligou sua câmera, e correndo, gravou uma homenagem à sua filha Gabriela. Como ele mesmo disse, foi como o “espinafre para o Popeye”. “Estou com pensamentos bons e ruins, mas eu penso muito na minha filha. Então tem que fazer valer a pena todo esse tempo longe dela. Tô correndo por você, Gabi. Todas as forças que eu tenho agora são por você minha filha. Olha só esse lugar que eu tô correndo, eu fico forte por sua causa, filha, vamos lá...”, dizia Clayton no vídeo. “Esse desabafo fez muito bem, esse pensamento nela me fez seguir em frente, olhava aqueles pontinhos [adversários] lá na frente e não desisti, cheguei na sétima colocação”.

 

A vida no limite

Engana-se quem pensa que o “repórter aventureiro” ficou bem perto da morte encarando as altas temperaturas de um vulcão, mergulhando em cavernas profundas ou encarando o gelo e altura do Monte Everest, no Nepal. “Escolhemos sempre as melhores equipes e os melhores equipamentos para a produção das reportagens. Por mais que eu já andei pelo planeta, o lugar que eu mais corri risco [de morte] foi no Brasil, numa escalada no Dedo de Deus, Serra dos Órgãos, em Teresópolis, Rio de Janeiro. O dia estava perfeito, céu de brigadeiro, eu e mais três amigos começamos a escalar às 5 horas da manhã. Quando estávamos quase no topo da montanha, o tempo começou a virar e trovoar. Vimos que iria chover em questão de minutos. A gente montou o sistema de rapel para descer a montanha, mas a chuva veio forte e, de repente, ouvimos um estrondo muito perto da gente. E foi um raio que caiu. Depois olhamos as imagens e vimos o estrago que o raio fez numa pedra da montanha. Se o raio tivesse nos atingido com certeza eu não estaria aqui hoje”.

Legenda foto 1: “Minha palestra nada mais é do que deixar uma mensagem de perseverança, otimismo, de tomada de decisões sob pressão em momentos difíceis e de trabalho em equipe aos empresários”, reflete Clayton.

Fonte: Da assessoria/Cacispar
 
 
 

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