Pelo menos 20 rodovias estaduais foram afetadas. Manifestação começa a provocar desabastecimento de combustível e de alimentos perecíveis.
O protesto de caminhoneiros em sete estados do Brasil começou a provocar desabastecimento de combustível e de alimentos perecíveis.
No Paraná, os caminhoneiros fecharam, pelo menos, 33 trechos de 20 rodovias estaduais e federais. No interior do estado começou a faltar combustível. Em Francisco Beltrão, a 500 quilômetros de Curitiba, poucos postos estão com as bombas funcionando.
“O carro nosso também é nosso transporte, usamos ele para trabalhar. Então tem de correr atrás porque está feio”, diz a auxiliar de produção Elise Albuquerque.
Ainda no Sul do Brasil, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Santa Catarina informou que todas as indústrias suspenderam a coleta de leite por causa dos bloqueios nas estradas.
No extremo oeste do estado, dezenas de caminhões frigoríficos estão parados, sem poder deixar os pátios. A Associação Catarinense de Supermercado já registra situações pontuais de desabastecimento, principalmente nos produtos perecíveis como frutas, verduras e legumes
No Rio Grande do Sul, o maior frigorífico de suínos do estado suspendeu os abates por falta de animais. Na região Centro-Oeste, há bloqueios em estradas de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, nove trechos das BRs 163 e 364 foram bloqueados.
Em Minas Gerais desde este domingo (22) os caminhoneiros fecharam o acostamento e uma das pistas da rodovia Fernão Dias. Esta é uma das principais rotas de carga de quem vem do Nordeste até São Paulo. O trânsito só está liberado para carros e ônibus.
Entre as principais reivindicações dos caminhoneiros, estão o aumento no valor do frete, mais segurança nos locais de parada obrigatória e redução no preço dos pedágios e do óleo diesel.
“É um sofrimento muito grande. A penúria está demais. Tem muito caminhão que não aguentou pagar nem o IPVA para rodar. O que precisa? Um óleo diesel com um preço que dá para consumir ele e dá para ganhar alguma coisa. Parou porque não aguenta mais.”, afirma o presidente do Sindicato de Caminhoneiros de Minas Gerais José Natan.
Nas rodovias que passam pela região metropolitana de Belo Horizonte, muitos caminhoneiros relataram violência no protesto.
“Eles apedrejaram meu caminhão inteiro. Jogaram ela no para-brisa do meu carro lá, veio cair em cima da cama. Quase pegou na minha cara”, conta um caminhoneiro.
A preocupação do Seu Antônio, parado na BR-381, em Betim, é em armazenar a insulina que precisa tomar por causa do diabetes.
“Agora aqui, como é que vai fazer? A insulina não pode ficar quente. Tem que ficar sempre fria. E agora, onde vou arrumar gelo aqui?”, diz Antônio Roberto Zanoni.
A Advocacia Geral da União entrou com ações na Justiça Federal contra entidades que representam os caminhoneiros. O governo quer que a Justiça estabeleça multa de R$ 100 mil por hora para os manifestantes que se recusarem a liberar as estradas. Segundo a AGU, ao impedir a circulação das cargas, os protestos causam riscos à segurança e provocam prejuízos econômicos graves.