Segundo o historiador Leandro Karnal, com a operação Lava Jato, o empresário se deu conta de que é parte importante da realidade brasileira e pode influenciá-la positivamente. “A partir do momento em que a Lava Jato investiga não apenas a corrupção passiva, que é a do político, mas a ativa, que é a situação em que um homem, em geral o empresário, propõe o dinheiro ilícito, precisamos mais do que nunca discutir não a ética do governo. Devemos também falar sobre a nossa ética, como integrantes da sociedade”, disse ele.
Leandro Karnal palestrou no Congresso Empresarial Paranaense, organizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), em Foz do Iguaçu, nesta quarta-feira (30).
Para o historiador, o momento é de incluir a ética na planilha e transformá-la em uma prática de lucro. “O empresário precisa pensar o lucro justo, pelo trabalho e esforço, e tornar a ética mais do que um discurso moral ou filosófico, mas uma condição da sua prática empresarial”, afirmou ele.
De acordo com Karnal, afirmar que a ética é um valor difícil de ser aplicado no Brasil, por conta da corrupção, mostra um problema de percepção. “É possível combater a corrupção com clareza. Só existe falta de ética se os empresários concordarem com isso”.
Ao final da palestra, o juiz federal Anderson Furlan juntou-se a Leandro Karnal na plenária para um debate sobre a situação do país. O magistrado criticou a aprovação da proposta que pune o abuso de autoridade praticado por magistrados e membros do Ministério Público, na Câmara dos Deputados. Sobre isso, Karnal lembrou que a medida ainda não está vigorando e que a aprovação foi apenas uma primeira etapa na tramitação. E reiterou que, no Brasil, a corrupção precisa se tornar fato ocasional. “Nos outros países também há corrupção, mas ela é esporádica. Aqui é uma prática institucional. Que haja uma empreiteira desonesta, que haja uma empresa que faça caixa 2, problemas são naturais e humanos. Mas que isso não seja elemento constitutivo do sistema”.