REGIÃO

31 de julho de 2014    253 views
O Sudoeste recebeu a visita do presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR), Jeferson Dantas Navolar nesta quarta-feira (23), quando realizaram-se Encontros com Arquitetos de Francisco Beltrão pela manhã e de Pato Branco, à noite, tendo como principal assunto a criação de sete Câmaras Técnicas que atuarão como segmentos temáticos consultivos, de assessoria técnica e político-institucional do Conselho. Elas abordam os seguintes temas: Arquitetura e Urbanismo, com foco em Habitação de Interesse Social e Assistência Técnica Pública e Gratuita; Arquitetura de Interiores, focando em Normas de Desempenho e Norma das Reformas; Arquitetura Paisagística, com ênfase nas Áreas de Preservação Permanente Urbanas; Patrimônio Histórico Cultural e Artístico, evidenciando a Economia Criativa; Planejamento Urbano e Regional, analisando o Estatuto da Metrópole e os Consórcios Regionais; Meio Ambiente, enfatizando as Tecnologia Sustentáveis; e Instalações e Equipamentos, abordando a Segurança do Trabalho, Novas Normas de Prevenção de Incêndio. Estas propostas colocam o arquiteto como protagonistas, ao mesmo tempo em que proporciona formação continuada aos profissionais.
As Câmaras Técnicas serão compostas por regionais, com os delegados sendo eleitos, e funcionarão por delegação (órgão público, instituição de ensino e órgão de classe). A Regional de Pato Branco terá seis delegados e o primeiro passo é realizar a conferência regional, onde os profissionais poderão se inscrever por meio de Edital a ser aberto pelo CAU-PR. Em seguida, será realizada a Conferência Estadual para eleger a coordenação e o cronograma de ações. A ideia é implantar as câmaras a partir de 2015, com os delegados tendo mandato de um ano e meio.

Valorização profissional
Marcante na fala do presidente Jeferson Navolar é a percepção de que a sociedade brasileira "não usa" direito o arquiteto, apesar de os primeiros traçados geométricos e gestão de território do país terem sido realizados pelos jesuítas aos quais cabia a responsabilidade de serem arquitetos do sistema. Isto ocorreu até 1749, quando os jesuítas foram expulsos e a função foi assumida por engenheiros navais. Só após a constituição do Estado Brasileiro, na Era Vargas é que o profissional voltou a ter espaço, com a arquitetura retornando à administração pública. O Sistema Confea-CREA foi criado em 1933 pelo Decreto nº 23.569, que colocou em paridade arquitetos, agrônomos e engenheiros. Mas os anos não foram suficientes, segundo o presidente, para que a sociedade pudesse compreender totalmente as atribuições do arquiteto, que incluem a organização, formação e exercício das cidades. "Prova de que o Estado brasileiro não assumiu a profissão é que 90% dos projetos que chegam à Caixa Econômica Federal hoje têm assinatura de engenheiros civis, e o presidente da Caixa é um arquiteto”, confrontou.
As primeiras discussões sobre a criação do CAU foram na década de 1960 e no Paraná, o patrono dos arquitetos é Vilanova Artigas, que elaborou o princípio da grade curricular de formação profissional, cuja base é seguida até hoje pelas principais instituições de ensino superior (IES) do país. Atualmente, há 28 IES que ensinam arquitetura no Paraná, entre os que estão graduando e os cursos que aguardam homologação. Com estas, o CAU instituiu um Fórum de Coordenadores para que sejam geradas informações quanto ao número de alunos cursantes, detalhes de grade curricular, entre outros dados.
Para Navolar, o cenário atual ao profissional traz dois problemas: fazerem as atribuições ao profissional serem mais efetivas; e o Estado brasileiro assumir a profissão. "Os arquitetos permanecem generalistas, a nossa base é o homem e não o metro quadrado ou o metro cúbico”, ponderou.

Censo do CAU/PR
No final de 2013, o Conselho realizou um Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Paraná de forma voluntária e 85% dos arquitetos atuantes responderam. No tocante a escolaridade, revelou-se que 66% ficaram apenas com a graduação; 25,49% buscaram pós-graduação, sendo 6,86% cursos de Mestrado; 1,21% PHD e apenas 0,29% pós PHD. Na opinião de Navolar, os dados devem ser revertidos, pois demonstram uma deficiência grave em politizar e conceituar as atribuições à sociedade. Outro dado preocupante é que 80% dos arquitetos do Estado é pessoa física, o que deixa grande parcela profissional de fora de financiamentos, consórcios e obras públicas que demandem organização empresarial. Os outros 20% é pessoa jurídica relacionada a Arquitetura e Urbanismo. Dado alarmante é que dos 399 municípios do Paraná, 198 não têm nenhum arquiteto. “Nesses municípios, quem está fazendo plano diretor, planejamento de infraestrutura e análises de estruturas? São locais com IDH muito baixo, mas temos que conseguir chegar até lá”, defendeu Navolar.

Paraná na vanguarda
Por outro lado, em geral, no Estado do Paraná é o que tem o melhor índice de trabalho dos profissionais, talvez por ser único estado brasileiro que possui escritórios regionais. O CAU/PR tem seis, com as regionais em: Maringá, Cascavel, Londrina, Curitiba, Pato Branco e Guarapuava (a inaugurar). Durante todo o tempo de existência do conselho, por arquiteto foram emitidas 27 Registros de Responsabilidade Técnica (RRTs) efetivas, ou seja, contratos de trabalho. A Regional de Pato Branco, por sua vez, tem média acumulada de 39 RRTs em três anos, o que dá mais que um contrato novo por mês, por profissional.

Arquitetos do Estado em números: 6 CAUs
Regional Municípios % no PR
Maringá 109 13%
Cascavel 80 15%
Londrina 78 17%
Curitiba 48 54%
Pato Branco 38 3%
Guarapuava 45 2%
Total de arquitetos 7.348 no Estado do Paraná

Arquitetos da Regional de Pato Branco em números
Regional de Pato Branco 209 arquitetos atuantes
Municípios 38
Empresas atuantes 89
Instituição de ensino superior 02 (Mater Dei e Unipar)
RRTs de 2012 2.749
RRTs de 2013 3.600
RRTs de 2014 1.917 (até julho)
Média de RRTs da Regional PB 38 (a do Paraná é 27 por ano)
Fonte: Assessoria
 
 
 

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